terça-feira, 26 de junho de 2012

SOCORRO DOUTORA! MEU FILHO NÃO QUER COMER... E AGORA?


Caros pais, meu nome é Raquel, nutricionista materno infantil, especialista em aleitamento materno e, atualmente,  atualmente com Diabetes. Mas, na verdade, o que eu sou antes de tudo é uma mãe que apesar de toda bagagem profissional resolvi compartilhar com vocês este texto que intitulei com uma frase a qual eu mesma já expressei, falei , chorei e até gritei aos quatro ventos, pediatra, marido e até no travesseiro ao dormir. Afinal, porque tantas de nossas crianças passam por algumas fases de inapetência (falta de apetite)? Onde a única coisa que parece saciá-las é um doce, um copo de suco ou leite.


A formação de um bom hábito alimentar inicia-se ainda no primeiro ano de vida de nossos filhos com a introdução dos alimentos complementares, logo aos seis meses de vida, e com as experiências positivas e negativas ligadas à alimentação ao longo da infância, além das diversas influências do meio que as circunda, principalmente no âmbito familiar.

No primeiro ano de vida, a criança apresenta um crescimento e desenvolvimento acelerados, o que faz seu apetite ser voraz. Neste período, ela esta na fase oral, sendo todo o prazer voltado para a alimentação. Por isso devemos ter todo o cuidado e entendimento em formar ótimos hábitos alimentares, principalmente, dos 06 aos 24 meses de vida. Insisto em dizer apenas a partir dos 06 meses de vida, pois a recomendação do aleitamento materno exclusivo é até esta idade, salvo algumas exceções. Saibam que a memória alimentar de um indivíduo é formada até os 02 anos de idade.   

O período pré-escolar, que compreende dos 02 aos 06 anos, caracteriza-se por uma diminuição da velocidade de crescimento e conseqüentemente diminuição do apetite, pois suas necessidades nutricionais seguem o ciclo evolutivo do indivíduo. Além disso, o interesse pela alimentação passa a ser secundário diante tantas atividades mais atrativas, divertidas e coloridas que não estão diretamente ligadas ao alimento. Nessa fase a alimentação de nossos “bebês” sai do NOSSO CONTROLE. Passa a ser irregular, de modo que a falta do apetite é uma queixa muito comum nos consultórios de nutricionistas e pediatras, nos corredores das escolas, ao telefone com nossas mães... Gerando, muitas vezes, um grande problema na família.
A maioria das queixas de falta de apetite é, na verdade, diagnosticada como indisciplina alimentar (sem horários fixos de refeição, substituição de refeições por lanches e beliscos, comer guloseimas em qualquer horário), seletividade alimentar (exclusão de legumes e verduras, frutas, carnes) e preferência por alimentos líquidos ou pastosos, principalmente os lácteos, além de neofobia alimentar (aversão ao alimento novo e ou diferente).
Devido à esta diminuição das necessidades nutricionais, a quantidade de alimento consumida pelos pré-escolares é pequena (menor do que a de costume), mas não significa ser insuficiente para seu desenvolvimento, o que costuma ser um ponto de preocupação e dúvida para a maioria dos pais. Além disso, como se já não fosse o bastante para tirar nosso sossego, a alimentação passa a ser caracterizada pelo consumo de alimentos que apetecem às crianças, isto é, de altos valores energéticos e ricos em carboidratos e gorduras: exemplo clássico são as guloseimas e refrigerantes.

Faz-se necessário que estejamos atentos e buscando orientação quanto a alguns aspectos importantes de uma boa, saudável e agradável alimentação, pois, com todo este contexto a nossa volta, o conflito gerado em torno das refeições produz quadros que mobilizam angústia, sentimentos de frustração e sensação de impotência levando pais, responsáveis e cuidadores, muitas vezes, a utilizarem técnicas coercitivas para que a criança se alimente, dificultando ainda mais toda esta situação. A criança por sua vez, ressente-se e perde o prazer em se alimentar. O círculo vicioso se completa quando principalmente, nos mães, também nos ressentimos com a situação. O resultado desta dinâmica prejudica o vínculo afetivo e a autoestima, sobretudo de nossos filhotes.

Lembre-se que nossos filhos necessitam de disciplina, limites e rotinas. Mas é imprescindível para eles a oportunidade de explorar os ambientes, os objetos e alimentos com todos os sentidos; portanto, permitir que a criança manipule, cheire e prove um alimento novo é necessário para que ela o incorpore à sua alimentação. Recomenda-se que um alimento novo para ser aceito por uma criança deva ser oferecido em torno de 8 a 10 vezes até que ela o aceite ou não. Ainda não o aceitando em certo momento, devemos repetir as tentativas de tempos em tempos. Perante a recusa alimentar devemos agir de forma natural e não brigar com a criança ou obrigá-la a comer, mesmo que isto doa em nos e vá contra nossos mais profundos instintos de proteção.

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